2023-06-28 | Notícias
O Culto a Nossa Senhora do Bom Despacho.
A história por trás das Festas da Maia! As Festas em Honra de Nossa Senhora do Bom Despacho são uma tradição na Cidade da Maia que remonta a meados do séc. XVIII, existindo uma narração datada de 1733. Mas há muito mais para saber, numa história enriquecida com factos fascinantes.
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Tudo começa no Culto a Nossa Senhora do Bom Despacho. Um culto com raízes muito antigas e que se encontra diretamente ligado à adoração a Maria e, essencialmente, aos pedidos das gentes do mar. Não faltam locais espalhados pelo mundo, ligados à lusofonia, com a presença de referências a este culto, que foi deixado pelos portugueses nas suas aventuras marítimas.
Na obra “Nossa Senhora do Bom Despacho: o Mar e a lusofonia. Festas em Honra da Nossa Senhora do Bom Despacho”, o autor Victor Dias, centra-se nas origens da Romaria, revelando que além dos relatos de uma oralidade transmitida de geração em geração que nos dá conta da devoção dos homens do mar, é visível também o uso de nomenclatura religiosa no batismo de naus e caravelas na odisseia dos Descobrimentos.
Bom Despacho foi o termo utilizado para descrever e sublinhar o sucesso alcançado pela viagem efetuada pela nau da Carreira da Índia em 1630. Nossa Senhora do Bom Despacho foi também o nome de batismo de uma fragata da Marinha Portuguesa na primeira metade do século XIX. Também em vários locais, e ligada à devoção das gentes do mar, foram erigidos vários templos: na Madeira em 1672, nos Açores em 1702, no Brasil, com destaque para Mato Grosso e Minas Gerais e ainda na Índia, destacando-se Goa onde anualmente se festeja em várias línguas, nomeadamente em português, missa em honra da Nossa Senhora do Bom Despacho.
NOSSA SENHORA DO BOM DESPACHO: a maior devoção da gente da Maia
Na Maia, a Romaria da Nossa Senhora do Bom Despacho sempre se destacou como uma das mais concorridas do Norte. A evocação das tradições da festividade foi narrada pelo Rev. Luís de Oliveira Alvim, abade de S. Miguel de Barreiros, que em 1733 nos Estatutos da Confraria com o mesmo nome, descreveu as majestosas festas, que se realizam desde que há memória, no segundo domingo de julho, pois “[…] he o dia de que o povo tem já noticia […]”.
Era uma das festas mais concorridas dos arredores do Porto. Milhares de romeiros deslocavam-se à Romaria vindos de todos os concelhos da orla costeira, do Porto à Póvoa do Varzim, e cujo acesso era assegurado pelos comboios ordinários e extraordinários da Companhia dos caminhos-de-ferro do Norte de Portugal e pela Ponte da Pedra com carreiras de camionetas a toda a hora.
Juntavam-se no Terreiro da Igreja, no Parque da Creche (atual Zoo) e na Quinta da Boavista. “Era um mar de gente, quer à chegada quer à partida dos comboios”, nas palavras memoráveis de Álvaro Aurélio do Céu Oliveira. Em 1953, a Romaria de Nossa Senhora do Bom Despacho passou a designar-se de Festas do Concelho. É incluído na Comissão de Festas um membro da Câmara Municipal da Maia, passando a edilidade a patrocinar as respetivas festas. O então presidente, Dr. Carlos Pires Felgueiras, “lembrou a conveniência – visto serem festas concelhias – de ingressar nelas todo o concelho”.
Alvo de profundas transformações ao longo dos tempos, nomeadamente na sua génese, a demonstração de religiosidade dos maiatos manteve-se acima de qualquer manifestação profana, e permanece viva na memória deste povo que continua, na atualidade, a prestar homenagem à sua padroeira: a Nossa Senhora do Bom Despacho.
A PROCISSÃO
Em 1935, a procissão em honra de nossa Senhora do Bom Despacho era descrita como “vistosa, asseada e custosa […]. Constava (…) de nove bem vistosos e compostos andores; um era do Príncipe e Glorioso Arcanjo São Miguel padroeiro desta Igreja [...] era outro do glorioso São Roque […] era outro que eu dei do meu seráfico São Francisco […] O outro era do invicto mártir São Sebastião […] outro era de Santa Bárbara […] o outro era de Nossa Senhora do Bom Despacho que deu o reverendo Vicente Gramaxo […] De fora era São Faustino padroeiro da Igreja e freguesia de Gueifães […] Era outro da freguesia de São Tiago de Custoias o Menino Jesus […] e era outro o padroeiro São Mamede da freguesia da Ermida de Infesta […]”*.
*Padre Ernesto Domingues da Silva cit. por Padre Domingos In Maia Magazine de 7 de julho de 2006.
REGISTO HISTÓRICOS
Romagem de fé e alegria
“Quatro dias de festa - quatro dias de extraordinária animação na Vila de Barreiros. O pitoresco local onde assenta a Igreja Paroquial – que pertenceu aos templários – teve desde quinta-feira passada, vida intensa. Armaram-se ali inúmeras barracas de variadíssimos negócios. E não faltou alegria!”
(Jornal de Notícias, 1944)
“Por todos os recantos se respirava o mesmo ar festivo num ambiente de sã e espontânea alegria desse bom povo maiato.”
(Jornal de Notícias, 1956)
O Desfile do Cortejo
“Todas as freguesia à porfia, capricharam no arranjo do carro que as havia de representar e, mister é dizê-lo, não se sabe qual delas maior cuidado e carinho lhes mereceu, porque todas representaram como um mimo de graça como uma nota de ternura, como um esforço de vontade para distinção e realce de cada terra. E todas o conseguiram galhardamente, porque todas sem excepção, agradaram sem favor.”
(Jornal de Notícias, 1956)
A Chegada dos Romeiros à Senhora do Bom Despacho
“A vila, vestida a primor – ela que é já tão linda com seu trajo de cotio! – povoa-se de romeiros sem conta. As freguesias do concelho ali afluem em peso; e o Porto, seu vizinho muito poderoso, sabe cumprir, em horas assim piedosas e festivas, a sua obrigação de bom vizinho (…)”.
(Jornal de Notícias, 1943)
“ Toda a vila se encheu de forasteiros, que aos milhares, se aglomeravam por ruas e largos (…) o povo divertiu-se (…). Não faltaram as características rusgas minhotas nem as ruidosas tocatas, que deram grande animação à romaria.”
(Jornal de Notícias, 1956)
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“Na Maia, sorria para a vida!”