O Mosteiro de Leça do Balio é um importante sítio histórico e hoje acolhe a sede da Fundação Livraria Lello. Com mais de dois mil anos de história, teve um papel marcante na construção da identidade de Portugal.

Embora o edifício atual date dos finais da Idade Média, o local tem ainda visíveis vestígios mais antigos, da época romana. No século XII, a condessa Dona Teresa de Portucale doou o mosteiro à Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, uma das mais prestigiadas da época. Situado numa antiga via romana, tornou-se um ponto estratégico para os peregrinos rumo a Santiago de Compostela — tradição que se mantém até hoje.

Ao longo dos séculos, o mosteiro foi palco de momentos importantes. Em 1372, recebeu o único casamento por amor da monarquia portuguesa, entre D. Fernando I e D. Leonor Teles. Durante o Cerco do Porto (1832–1833), o rei D. Miguel ali se refugiou. Pouco depois, com a extinção das ordens religiosas em 1834, a igreja passou para o Estado e os restantes edifícios foram entregues a privados.

A sua arquitetura reflete várias épocas. O estilo românico ainda é visível no antigo claustro e na porta da Sala do Capítulo, a parte mais antiga do edifício. No século XIV, o mosteiro foi renovado ao estilo gótico, com rosáceas, grandes janelas e vitrais que trouxeram luz aos espaços — um exemplo da chamada “arquitetura da luz”. No século XX, o então proprietário Ezequiel Pereira de Campos promoveu uma renovação significativa, embora sem seguir critérios históricos rigorosos.

Classificado como Monumento Nacional em 1910, o mosteiro tem sido alvo de várias ações de conservação. Em 2016, o Grupo Lionesa, onde se insere a emblemática Livraria Lello, adquiriu o mosteiro e assumiu o compromisso de o revitalizar.

O projeto foi entregue ao arquiteto Álvaro Siza Vieira, garantindo que o Mosteiro de Leça do Balio continue vivo e relevante para as gerações futuras.

No jardim do Mosteiro de Leça do Balio, a Escultura Aberta de Álvaro Siza Vieira convida ao silêncio, à reflexão e à viagem interior. A sua geometria em betão branco cria um diálogo entre luz, sombra e memória. No centro, ergue-se O Viandante, evocando séculos de peregrinação e apontando o caminho para o futuro Jardim do Pensamento do Mosteiro.